segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

MāORI [2]

::KORU::

Lembrando um rebento de um feto, o Koru é usado com grande frequência na arte Māori como símbolo da criação A sua forma circular transmite a ideia de um movimento perpétuo e as espirais interiores sugerem o retorno ao ponto de origem. Assim, o koru simboliza o modo como a vida se altera e, simultaneamente, permanece igual.


::MAUI::

Para os maori, o significado das waka (canoas) tem a sua origem em tempos antigos, quando as waka viajavam entre a terra ancestral Hawaiki e a Nova Zelândia. O Mãui, um antepassado com origens divinas, viajou numa waka para o Oceano do Sul e foi pescando até à Ilha Norte da Nova Zelândia, conhecida como Te Ika-ã-Mãui (o peixe de Mãui). A sua canoa transformou-se na Ilha Sul Te Waka-ã-Mãui (canoa do Mãui). Diz-se que um antepassado humano, Kupe, descobriu mais tarde a Nova Zelândia numa viagem numa waka. Atribui-se à sua mulher, Kuramãrõtini, ter escolhido o nome Aotearoa (grande nuvem branca) — o nome Maori que hoje se usa para designar a Nova Zelândia.
Várias tribos lembram em muitas histórias as chegadas seguintes dos seus antepassados em numerosas waka, desembarcando em locais que hoje são importantes.

Acredita-se que os Maori partiram de Hawaiki, navegando pelos mares nas suas canoas e chegando à Nova Zelândia. A existência e a localização geográfica de Hawaiki nunca foi confirmado. É um local misterioso, onde as pessoas se transformam em pássaros ou descem até ao mundo de baixo. Hawaiki também é um símbolo de criação e regeneração. É a fonte da vida humana e representa tudo o que é bom na humanidade. É um lugar místico. De acordo com as histórias tradicionais, o Deus supremo Io criou Hawaiki. Um domínio sagrado, local de nascimento do mundo. A primeiro mulher foi feita a partir do seu solo. Também é a casa dos Deuses, incluindo Mãui. As teorias sobre a localização verdadeira de Hawaiki também fascinam os estudiosos desde o século XIX. Alguns pensam que os Maori vêm da Polinésia, outros da Índia ou mesmo da Mesopotâmia.





No passado os Maoris usavam as waka (canoas) como hoje nós usamos os carros. Os “caminhos de água” da Nova Zelândia eram como ruas, que corriam pela costa e que subiam os rios. As waka usavam-nos e transportavam pessoas e bens. Ainda há alguns Maoris que constroem waka tradicionais, nos dias de hoje.

Os primeiros colonos que chegaram a Aotearoa (Nova Zelândia) vieram em grandes wakas, vindas da Polinésia. A sua jornada demorou mais de um mês, e, portanto, as waka ainda eram bastante grandes, pois precisavam de espaço para transportar muitas pessoas e comida.
As waka eram construídas com troncos de árvores. Na Polinésia, as waka eram estreitas e pouco estáveis porque as árvores eram, também, estreitas. Algumas precisavam mesmo de pequenos suportes, para se equilibrarem.

Vejamos os tipos mais famosos das waka:
1. Taua de Waka - Era a maior waka e tinha até 30 metros de comprimento, podendo levar cerca de 100 homens.
2. Waka tete - Era mais simples que a anterior e era usada pelos grupos tribais para levar pessoas e bens pelos rios e pela costa. Mais tarde eram usadas com fins comerciais.
3. Waka Tiwai - Estas canoas eram muito comuns e eram tipicamente usadas para a diversão e para corridas.

[Ojigwe Orunbiyí Akwegbuará]

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

MāORI [1]

A nossa primeira viagem levou-nos até à Oceânia, mais concretamente até à Nova Zelândia, para um contacto enriquecedor com o povo Māori, os nativos guerreiros. A origem do nome «Māori» que designa não só o povo mas a língua que lhes é própria significa "normal", "comum", sendo um termo que se contextualiza em oposição aos deuses e espíritos ancestrais, ou seja, é Māori o indivíduo que não pertence ao plano do sagrado. A palavra «Māori» parece ter viajado até ao Havai sob o termo «Maoli» e até ao Haiti, sob o termo «Maohi», locais onde tem o mesmo significado que na Nova Zelândia. Curiosamente, o termo «Māori» era apenas usado pelos mesmos como forma de identificação pessoal. Os viajantes que por ali passavam apelidavam o povo de "nativos", "aborígenes" ou "neozelandeses".

Segundo alguns historiados e antropólogos, a Nova Zelândia terá sido formada por nativos originários do leste da Polinésia, entre 800 e 1300 a.C., em vagas sucessivas e continuadas. Segundo a narrativa Māori, os antepassados chegaram de Hawaiki -- um lugar lendário na floresta tropical da Polinésia -- em «wakas», grandes canoas, que cruzaram os oceanos. A antropologia física e linguística indica que, de facto, os Māori são descendentes de povos oriundos do leste da Polinésia, o que vem comprovar a narrativa tradicional.



::Chefe Māori durante a cerimónia do Haka::

TATUAGEM «MOKO». A tatuagem é um dos elementos mais representativos dos Māori, em especial a tatuagem facial designada de «Moko». Os Māori desenvolveram um estílo de tatuagem bastante diferente dos demais povos do Pacífico Sul. A técnica de tatuagem (palavra que significa "marca no corpo") dos Māori é uma transposição do talhar da madeira para um talhar no corpo, isto é, os Māori aplicam a mesma técnica na talha de madeira e na tatuagem. A moko é um símbolo de prestígio social, pelo que quanto mais densa for a pintura mais importância social tem o indivíduo, e digo indivíduo uma vez que a moko é uma pintura eminentemente masculina. No século XIX as cabeças dos Māori tornaram-se alvo de cobiça e interesse por parte dos coleccionadores europeus, uma vez que a decapitação era um hábito de guerra, bem como a colocação da mesma em urnas sagradas por parte dos vencedores. Em alguns museus do mundo é possível encontrar tatuagens Māori, não só em desenhos ou fotografias como, inclusivamente, em pele humana. A preservação da tatuagem, como que uma preservação da memória individual e colectiva, era feita através da manutenção das cabeças dos líderes e familiares, colocadas em urnas próprias e veneradas simbolicamente.

O comércio das cabeças tatuadas foi desenvolvido pela interacção com o navegador europeu, que maravilhado com o pormenor artístico do trabalho, começaram a trocar cabeças por armas de fogo, munições e artifícios em metal. A procura começou a ser superior à oferta, em resultado disso a população Māori começou a ser consideravelmente reduzida, dizimada.

Segundo consta a primeira cabeça a ser levada para a Europa foi pelo naturalista Joseph Banks, mais tarde Sir Joseph Banks, que chegou à Nova Zelândia a 20 de Janeiro de 1770, juntamente com a tripulação do Capitão Cook. Era a cabeça de um jovem de catorze ou quinze anos que pereceu em combate. A procura desenfreada por cabeças tatuados dos Māori, ficou registada nas palavras do Reverendo J.S.Wood:

Em primeiro lugar nenhum homem estava, por um momento que fosse, seguro, a menos que se tratasse de um chefe. E mesmo assim, bastava uma distração dos seus guardas para que fosse atacado, morto e decapitado, em nome do comércio de cabeças tatuadas. (...) Mas o comércio começou a florescer em quantidade e extensão, e surgiram emissários enviados a fim de seleccionador os melhores "exemplares". As cabeças cozinhadas" ganharam uma importância tal que conquistaram um mercado próprio, de tal forma que se tornou usal encontrá-las para venda nas ruas de Sidney.

Centenas de Māori sofreram trágicos fins, mortos apenas em nome do valor comercial das suas cabeças. De tal forma que se perdeu a preservação e culto das cabeças de familiares, líderes e amigos, sob o medo de estas serem capturadas para comércio.


Lentamente o tráfico de cabeças foi-se tornando um escândalo e considerado uma carnificina. Os próprios Māori deixaram de negociar sob pena de perder a sua identidade e existência. O esforço de combate ao comércio de cabeças pelos Māori conquistou a atenção e conseguiu a promulgação de uma Lei ainda antes da separação colonial da Nova Zelândia. O Governador Darling de New South Wales impôs uma multa de 40 libras e a divulgação dos traficantes de cabeças. O comércio foi morrendo lentamente.


[Ojigwe Orunbiyí Akwegbuará]


terça-feira, 27 de novembro de 2007

OS NOSSOS SAFARIS

Calçámos os nossos ténis Safari, vestimos os coletes de muitos bolsos, enchemos os cantis, limpámos o pó às máquinas fotográficas, reunimos os cartões de memória, enchemos o depósito do jipe, ligámos o GPS, despedimo-nos da família e fizemo-nos à estrada. Daqui para a frente estão milhões de quilómetros de caneta e máquina nas mãos, aventuras, perigos e memórias. O objectivo? Conhecer o máximo da diversidade étnica e cultural dos cinco continentes. Onde houver vida, estaremos lá.

[Ojigwe Orunbiyí Akwegbuará]

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

A diversidade cultural no mundo

A blogosfera tornou-se a mais completa ferramenta de publicação imediata de textos e imagens. Neste sentido, resolvi aproveitar tão exponencial ferramenta para dar a conhecer a quem por aqui passa um pouco dos elementos culturais que compõem a diversidade étnica do globo. Na era da globalização a preservação identitária é fundamental.